
PARA A VIDA CONTEMPORÂNEA
Segunda-feira: o julgamento começa em casa
15/04/2014 10:01O sol nasce bem cedinho em Betânia, uma pequena aldeia próxima ao Monte das Oliveiras, a um pouco mais de 1 km de Jerusalém. É segunda-feira, Jesus de Nazaré está na humilde casa de alguns amigos: Marta (uma hospedeira ansiosa que já havia recebido uma leve repreensão), Maria (que escolheu a boa parte) e Lázaro (cujo corpo ainda estaria no túmulo se não fosse por Cristo).
Apenas um dia antes – o primeiro dia da última semana de sua vida – Jesus havia feito uma entrada triunfal na Cidade Santa montado num jumento, com direito a um belo “tapete vermelho” de ramos de palmeiras e capas, saudado por seus discípulos e por toda uma multidão como o rei messiânico.
Mas a segunda-feira seria diferente do domingo. Jesus conhecia o coração do homem (João 2.24-25). Ele sabia que a saudação dos discípulos e da multidão foi construída sobre um messias fruto de sua própria imaginação apesar de seu esforço em ensiná-los outra realidade. Estavam animados por um salvador nacional que iria derrotar os romanos e destruí-los de uma vez por todas. Não tinham a idéia de que a vitória viria através de uma experiência, que em vez de afligi-los, Ele seria envergonhado de uma forma degradante.
O julgamento começa em casa
Jesus e os doze discípulos acordam reunidos em seu lugar de reunião em Betânia para fazer a curta caminhada de volta a Jerusalém. A agenda de Jesus era a mesma até hoje: acabar com os equívocos de que ele era e o que ia realizar. Não seria um segunda-feira mansa e suave. Jesus estava prestes a mostrar que o julgamento começa em casa, com Israel.
Enquanto caminham juntos sobre o terreno rochoso do Monte das Oliveiras, e como a fome de Jesus cresce, ele avista uma figueira de longe. Olhando parecia frondosa, o lugar perfeito para pegar algumas frutas e atender às suas necessidades. Mas em uma inspeção mais aguçada, a árvore era estéril de frutas e suas folhas não eram comestíveis.
Os discípulos certamente não esperavam o que Jesus faria em seguida. Ele amaldiçoa a figueira, declarando que ela nunca iria dar frutos novamente (Mateus 21.18-19; Marcos 11.12-14). Jesus iria expor esta parábola visual amanhã. Mas os discípulos não estavam vendo a árvore com os olhos espirituais, eles lembrariam que o Israel do Antigo Testamento foi muitas vezes referido como uma “figueira” (Jeremias 8.13; Oséias 9.10,16; Joel 1.7). O julgamento deve começar em casa.
A Purificação do Templo
Eles continuam andando. Os discípulos, sem dúvida, se perguntavam daquele comportamento inesperado. Mas Jesus estava apenas começando.
Quando Jesus entra no templo, ele é cercado por judeus piedosos que haviam feito a peregrinação a Jerusalém para a Páscoa. Não só eles teriam de pagar o imposto do templo, mas também teriam que comprar um animal puro para o sacrifício. Quando Jesus olhou para os cambistas e comerciantes, um zelo santo de indignação brotou em seu coração. Eles estavam transformando a casa de seu Pai, um lugar de oração (Isaías 56.7), em um covil de ladrões que saqueavam os peregrinos da Páscoa, pobres, e pervertiam a verdadeira adoração (Jeremias 7.11). Jesus começa a destruir as barracas dos cambistas, colocando para fora os comerciantes e seus clientes, recusando aceitar aquela situação.
No olhar dos sacerdotes, escribas e líderes judeus, não era mais um simples homem de Nazaré que possuía alguns seguidores e realizava alguns milagres. Ele agora estava dentro da Cidade Santa. Ele tinha entrado pelas portas como se fosse o novo Davi ou o novo Salomão. E agora ele tem a audácia de declarar que o Templo, em essência, pertence a seu Pai? Quem é ele para declarar que o sistema judaico estava permitindo o pecado em vez da adoração? E como ele se atreve argumentar que as autoridades judaicas eram ignorantes em relação à verdadeira piedade e devoção?
Daqui em diante, não teria mais como voltar atrás. Jesus não está retrocedendo. Na verdade, ele está acelerando a sentença de morte.
Chegou a noite. O sol foi embora começando um novo dia de acordo com o calendário judaico. Jesus e seus discípulos retornam a Betânia. Amanhã será um novo dia para confundir, para virar as coisas de cabeça para baixo, e para Jesus continuar cumprindo sua missão, o plano eterno que vai leva-lo para o Calvário.
*inspirado no livro "Os Últimos Dias de Jesus", de Justin Taylor e Andreas Köstenberger.
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