
PARA A VIDA CONTEMPORÂNEA
Defendendo a Nossa Fé
18/11/2011 17:10
“Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos. Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo.”
Judas 3 e 4
Introdução
Essas palavras foram proferidas por Judas, irmão de Jesus. Essas palavras surgem em um contexto em que o cristianismo enfrenta ataque, oposição por parte de pessoas que podemos chamar de apóstatas, que plantavam sementes de engano entre os filhos de Deus. E nesse contexto Judas se levanta com uma voz profética, desafiando a Igreja a lutar defendendo sua fé em Cristo Jesus. Lutar pela defesa da verdade em meio a tanta distorção e mentiras. Lutar uma verdadeira guerra espiritual.
Mas qual era então a grande luta que Judas estava enfrentando? Penso que não era muito diferente da que enfrentamos hoje. Vivemos na pós-modernidade, mas continuamos a enfrentar grandes batalhas em defesa da nossa fé. Podemos citar alguns de nossos adversários.
O Homem no Centro das Atenções
Não tem sido difícil encontrar pessoas humanizando Deus e se tornando divinas. Pessoas que literalmente destronam Deus ao mesmo tempo que entronizam o homem.
A mensagem pregada hoje em muitas igrejas e vivida por um grande número de pessoas é de um cristianismo centrado no homem, onde Deus surge apenas como um ser secundário que deve estar presente para realizar todos os gostos e vontades soberanas do homem. Muitos até exageram na expressão determinar. Os “donos da fé e patrões de Deus” baseiam suas orações e mensagens em “Eu determino, eu decreto!” Alguns já nem oram em nome de Jesus, mas assinam a oração com seu próprio nome.
Como pessoas separadas e transformadas para uma missão, somos desafiados a pregar a soberania de Deus. Esse era o discurso de Paulo e deve ser o nosso também: “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.” (Filipenses 2.9-11)
A grande batalha a ser vencida é fazer essa geração compreender que somente Deus deve estar no trono e, não somente no trono do Universo, mas principalmente no trono de nossos corações.
O Homem, um ser individualista
Individualismo tem sido a palavra da moda. Tenho ouvido muita gente falar sobre individualidade, pregar sobre esse assunto, alertar o povo a esse respeito. Mas algo tem realmente impressionado: Quanto mais se ouve contra essa prática, mais vemos que é uma realidade na vida de muitos.
A cada momento estamos nos fechando para as outras pessoas e para os problemas que a humanidade tem enfrentado. Estamos vivendo em uma época onde a produção de alimentos tem sido algo espetacular, mas continuamos a ouvir que pessoas morrem com fome. Pra conseguir o que queremos em bens materiais, não nos importamos muito se o próximo tem que perder. A ambição toma conta dos corações, quanto mais temos, mais queremos. Saiu de nossas bocas a palavra dividir, compartilhar, ajudar... estamos inertes às necessidades alheias.
E nessa defesa de nossa fé, vale ressaltar, o verdadeiro cristianismo em sua origem não celebra o individualismo. A igreja primitiva foi marcada pelo dividir, e dividir com amor e alegria. Ajudar sem esperar nada em troca. Ser presente na vida do próximo. Fazer a vida ter um significado verdadeiro, abençoador. Ao contrário disso a igreja contemporânea só quer receber. São crentes que em suas orações só sabem pedir. Fazemos uma oração egocêntrica priorizando a nós mesmos, e não nos preocupamos, na maioria das vezes, com o próximo.
Isso traz à mente o livro de Tiago que diz: “também a fé, se não tiver obras, por si só está morta.” (Tiago 2.17). E aqui fica claro que o apóstolo está falando sobre a necessidade de dividir com aqueles que necessitam.
Cabe então nessa defesa da fé, nos erguermos, e nos conscientizarmos de que precisamos ter alegria tanto em receber como no compartilhar, precisamos sentir prazer tanto em nossas conquistas como na conquista das pessoas que nos ladeiam. E, se possível, ajudar os outros a alcançarem vitória. Ser bênção na vida do próximo.
O Homem que se Resume ao Prazer
Desde os tempos passados vemos uma busca pelo prazer. Os epicureus já usavam a Máxima “comamos e bebamos e amanhã morreremos”. Havia a defesa de que o certo é aquilo que é prazeroso e agradável. Defendiam a idéia de que o prazer individual é o único bem responsável.
Esse pensamento, filosofia de vida, tem refletido nos dias de hoje. Estamos vendo abertamente uma apologia ao sexo de forma livre, sem discriminação, pornografia em todas as esferas e meios de comunicação presentes na sociedade. Desde criança já estamos induzindo o pensamento de que muitas vezes, ou na maioria das vezes, o verdadeiro prazer se encontra na sexualidade, e que todas as outras coisas estão ligadas a ela.
Gastaldi diz que a geração da era pós-moderna "tem prazer no efêmero, no fragmentário, no descontínuo e no caótico. Viver é experimentar sensações; quanto mais fortes, intensas e rápidas, melhor. Nada de sentimentos, de culpa, nada de bem e de mal, nada de valores: o que importa é o que me agrada, ou o que me traz prazer”.
Não podemos nos calar em dizer que o verdadeiro prazer está na Palavra de Deus e em fazer a sua vontade: “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite.” (Salmos 1.1-2)
O Homem Relativo
Certa feita Hegel, filosofo alemão, ensinou que “…todo certo tem um pouco de errado, e todo errado tem um pouco de certo”. Essa forma de pensar foi evoluindo e chegou ao que chamamos de relativismo.
Segundo o relativismo, não há verdades absolutas, e assim, o padrão do certo ou errado está vinculado à consciência de cada um. Influenciadas pelo relativismo, muitas pessoas passam a relativizar as verdades do cristianismo, mas contraditoriamente tornam absolutas muitas das suas próprias convicções.
Não podemos esquecer que o pecado não muda no decorrer dos anos. O que era pecado na época de Adão e Eva, Noé, da Igreja Primitiva, continuará a ser pecado em nossa época e nas futuras gerações. Não podemos relativizar o que a Bíblia tem dado por certo.
Independentemente do que algumas doutrinas afirmam ser verdade em aspectos morais, religiosos, políticos e científicos, a Bíblia não varia conforme a época. O que Deus atribui como certo ou errado, bem ou mal, não varia conforme o lugar, grupo social e os indivíduos de cada lugar.
O relativismo nos desafia a dizer que Jesus é a sua verdade absoluta. Foi Ele quem disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 16.6)
O Homem que Vive em Busca do Material
O materialismo é uma filosofia que superestima o material, o físico e o palpável em detrimento do espiritual e do eterno. Os materialistas julgam o mundo espiritual como abstrato, secundário e como algo sem relevância, e acreditam que a essência da vida esta em acumular ou TER.
O materialismo estimula as pessoas a VIVEREM PARA TER. Porém, a ênfase do cristianismo bíblico está em VIVER PARA SER. Somos desafiados a viver para sermos santos, luz do mundo e sal da terra em meio a uma geração que vive para ter. Pra nós, melhor é SER do que TER.
Jesus encontrou pessoas materialistas, como o jovem rico, que preferiu suas próprias riquezas em vez das riquezas do reino. Mas ele também encontrou pessoas como Zaqueu, que foram capazes de trocar o materialismo pelos valores do reino.
O materialismo tem influenciado muitos discursos religiosos, fazendo com que muitas pessoas busquem em Deus recompensas meramente materiais.
Vivemos hoje testemunhando o auge da teologia triunfalista e da teologia da prosperidade. Estamos vendo adesões em massa, e provavelmente poucas conversões. Temos visto que muitos estão em busca das bênçãos materiais de Deus e não de Deus.
Somos desafiados a anunciar que o estilo de vida VIVER PARA TER, não trará ao mundo satisfação interior. É tempo de falarmos que a sede e a busca só serão satisfeitas quando as pessoas aprenderem a desejar o Senhor como a corça suspira pelas águas. É esta sede que o salmista tem em seu coração no salmo 42: “Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?”
Somente a sede por Deus nos satisfaz, e não a sede por suas bênçãos. Assim meus irmãos, a sede por intimidade com Deus é a grande arma que temos para evangelizar uma geração que procura satisfação em coisas materiais.
Conclusão
Tudo que vimos até aqui nos desafia a fazer uma defesa de nossa fé. Porém, encontramos na história bíblica, o exemplo de um grande gigante que foi derrubado com apenas uma pedrinha. Precisamos crer no poder do evangelho, pois esta é a nossa “pedrinha” para derrubar os gigantes ideológicos desta geração.
Como Davi se dispôs a enfrentar Golias, que nós sejamos capazes de nos dispor para servir ao Senhor da Seara. Ele está conosco e nos ajudará a vencer os desafios desta época.
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