
PARA A VIDA CONTEMPORÂNEA
O Problema do Domingo de Ramos
15/04/2014 01:44
Na história do cristianismo, no primeiro dia da Semana Santa, se comemora o Domingo de Ramos em virtude dos ramos de palmeiras e mantos que as pessoas colocaram diante de Jesus quando ele entrou em Jerusalém.
Os evangelhos nos contam a história de uma multidão reunida, emocionada, ornando o caminho que Jesus trilhava lentamente. Jesus assentado num burrinho, um passo de cada vez, e uma espécie de tapete sendo tecido à sua frente. E assim caminha o tão esperado Messias de Israel.
Isso para os fariseus era um grande problema.
Mas o que as pessoas diziam?
Na verdade, não eram os ramos que causavam tanto problema, mas sim o que as pessoas estavam dizendo. Lucas relata que na entrada de Jesus em Jerusalém o povo regozijava-se e louvava a Deus em alta voz: “Bendito é o Rei que vem em nome do Senhor!” (Lucas 19.38)
Os fariseus sabiam que essa não era uma saudação qualquer. Esta saudação era reservada para o Salvador de Israel. Se voltamos ao Salmo 118, nos escritos hebraicos, trata-se de um salmo que se alegra com o triunfo do Senhor. O versículo 22 deste salmo fala da pedra rejeitada que tornou-se a “pedra angular”. É este trabalho sobrenatural – por obra de Deus – que, em seguida, inicia o dia da salvação (Salmo 118.22). Este dia de salvação seria na verdade uma longa e dolorosa semana. Mas Ele vai, Ele faz, e o Salmo 118.25 resgata a esperança: “salva-nos, agora, te pedimos, ó Senhor; ó Senhor, te pedimos, prospera-nos.”
Esta salvação começa a se tornar uma realidade. Ela virá através de uma pessoa – o Messias de Deus – que é enviado para resgatar seu povo. Esse é o clamor do salmo: “Bendito aquele que vem em nome do Senhor!” (Salmo 118.26)
Não existe dúvidas, esse povo incoerente de Jerusalém lembra-se do Salmo 118, declara que Jesus é o Messias. É por isso que os fariseus pedem para Jesus acabar com aquela loucura. Você está ouvindo o que eles estão dizendo? Eles pensam que você é o Messias que veio para salvar. Peça para se calarem.
Mas Jesus não os impede. Na verdade, ele diz que, em vez disso, se as pessoas não falarem, as pedras iriam clamar essa verdade. É claro que Jesus é o Messias. Ele veio a Jerusalém para salvar o seu povo.
E este foi um problema.
Mas o que as pessoas viram?
Na verdade não era a salvação o problema e sim a maneira como Jesus daria essa salvação.
As pessoas queriam salvação e prosperidade, lembre-se. O que significa que eles queriam um Messias que marchasse rumo à destruição do Império Romano. Queriam a liberdade da opressão gentilícia, podendo ser usada a força. Eles queriam a repetição do êxodo, mas agora com a expulsão dos romanos.
Em vez disso, o que eles têm na sexta-feira de manhã é um homem ensanguentado – um homem sob custódia romana, rejeitado por seus próprios discípulos, ao lado de um criminoso chamado Barrabás. Eles queriam um rei invencível, mas veriam um blasfemador abatido, ou assim, eles pensavam.
Os sons da multidão neste domingo – este Domingo de Ramos – viria a ser traído pelos sons de seus corações entristecidos. “Bem-aventurado aquele!” Logo se tornaria “crucifica-o!” Por esta razão, existe algo repugnante sobre o hoje. Lemos sobre a resposta de Jesus, mas porque nós conhecemos a história, sabemos que não é real! Não está certo!
E como sentimos a profunda tragédia de suas palavras, de sua cegueira, não devemos esperar que seríamos diferentes deles. Os fariseus e aquela multidão tiveram seus problemas, mas nós também. Se nossos corações estivessem ali, naquele momento, naquela época, poderíamos ouvir dos nossos lábios o grito deles. Nós ouviríamos em vez de nosso louvor, um lamento envergonhado, escarnecendo o Messias.
Não é justa essa morte. Afinal de contas, Jesus veio para salvar pecadores, se fez pecado por eles. Pecadores como nós!
*inspirado no livro "Os Últimos Dias de Jesus", de Justin Taylor e Andreas Köstenberger.
—————