PARA A VIDA CONTEMPORÂNEA


Terça-feira: o conflito cresce

15/04/2014 23:34

 

É chegada a terça-feira. Os discípulos apontam para a figueira seca que Jesus amaldiçoou um dia antes. Jesus ensina aos seus discípulos uma simples lição: ter fé em Deus. Com uma pequena fé, diz ele, podemos lançar as montanhas até para o meio dos mares.

A idéia é que os discípulos compreendessem que Jesus estava falando mais do que milagres e poderes de amaldiçoar árvores e transpor montanhas. Ele está falando sobre uma realidade bem maior que isso.

Ele encerra esta pequena aula falando de uma montanha em movimento, fé sem dúvidas, dizendo: “quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas.” (Marcos 11.25). Jesus está lembrando que não perdoar é um grande obstáculo para a oração ser respondida. Os discípulos em breve enfrentariam grandes desafios à sua fé e à sua capacidade de perdoar. Será que eles vão lembrar da árvore seca na estrada de Betânia?

Ao se aproximarem da Cidade Santa, os acontecimentos do dia anterior não poderiam estar longe de suas mentes. Quando Jesus entra no Templo, multidões se reúnem para ouvir seus ensinamentos (Lucas 21.38), e os principais sacerdotes, escribas e anciãos não perdem em nenhum momento os seus passos. Eles vão colocar quatro armadilhas para iludir o adversário.

Primeira armadilha: com que autoridade?

Com que autoridade – eles exigem saber – Jesus tinha realizado suas ações no dia anterior (Marcos 11.28)? Jesus não cai na armadilha. Em vez disso, ele vira o jogo com uma pergunta: “O batismo de João era do céu ou dos homens? (Marcos 11.30) Se eles respondem “do céu”, a próxima pergunta é óbvia: Então por que vocês não acreditam naquele sobre que João testemunha? Se eles retrucarem “do homem”, correm o risco de inflamar as multidões que veem João como um grande profeta.

Jesus, então, oferece três parábolas (Acerca dos filhos, arrendatários homicidas, e os hospedes de uma festa de casamento), todas elas conduzindo à rejeição da graça e à verdade de um serviço hipócrita de autojustiça.

Segunda armadilha: a quem daremos tributo?

Os líderes criam um nova tática. Eles enviam os fariseus (judeus conhecidos pelo zelo na lei) e os herodianos (aqueles leais ao reinado de Herodes), para lhe fazer uma pergunta (Mateus 22.15 – “É lícito pagar tributo a César os não?”) Se ele responder “sim”, ele quebra as expectativas das pessoas em relação ao Messias que iria destruir o Império Romano. Se ele disser “não”, ele pode ser preso por estimular uma rebelião.

Como toda habilidade: o denário tem a imagem de César sobre ele enquanto César está no poder. É adequado pagar o imposto a ele. E também nós devemos dar a Deus o que é de Deus; uma vez que somos feitos à imagem de Deus, devemos tudo – tudo o que temos e o que somos – a ele. Pague seus impostos e adore a Deus.

Terceira armadilha: E a esposa na ressurreição?

Depois que Jesus silenciou os fariseus e herodianos, os saduceus (um seita judaica que negava a ressurreição dos mortos no último dia) tentam ridicularizar a crença de Jesus na ressurreição, perguntando sobre o casamento no céu (Mateus 22.23-33). Jesus afirma que eles não conhecem as Escrituras (não há casamento no céu) e nem o poder de Deus (ele não é Deus de mortos). E podemos nos maravilhar novamente com o silêncio.

Quarta armadilha: Qual mandamento?

Agora os fariseus enviam um especialista para questionar a Jesus: Qual é o maior mandamento de Deus (Mateus 22.34-40)? Jesus resume sua resposta em uma única palavra: amor (a Deus e ao próximo). Mas Jesus percebe algo diferente a partir desta pergunta, por isso ele elogia e, implicitamente, convida-lhe: “Não estás longe do reino de Deus.” (Marcos 12.34)

Agora é a vez de Jesus iniciar algumas perguntas àqueles que estão tentando pegá-lo. Quando pergunta sobre o Salmo 110.1 e como o Messias pode ser o Senhor de Davi: “ninguém foi capaz de responder-lhe uma palavra, nem, desde aquele dia que ninguém se atreve a pedir-lhe mais perguntas” (Mateus 22.46). Jesus, então, inicia uma longa crítica aos escribas e fariseus, pronunciado sete ais de juízo sobre esses “hipócritas” e “guia de cegos” (Mateus 23.1-39).

Esta afronta verbalizada elimina todas as dúvidas sobre as intenções de Jesus, agenda e objetivos. Ele não tem nenhum desejo de aliar-se com a liderança atual. Ele veio para derrubar a sua autoridade. Não há nenhuma maneira de ambos os lados sobreviverem ao conflito. Ou Jesus assume o poder, ou ele deve morrer.

Graça e Verdade em cada armadilha

Com mais um dia cheio de tenção, Jesus e os discípulos começavam a voltar para Betânia. Eles param no Monte das Oliveiras para descansar, obtendo uma vista maravilhosa de Jerusalém com o sol que começa a se pôr. Os discípulos se maravilham com a grandeza dos edifícios, mas Jesus lhes diz que um dia virá em breve, quando nem uma única pedra será deixada sobre a outra. Ele passa a explicar aos seus seguidores que vão experimentar um aumento da perseguição e tribulação, levando até o último dia do julgamento. Mas sua tarefa é manter-se vigilante e persistir na fé.

Terça-feira terminou agora. Mas sexta-feira está chegando. Esta não é a fábula do Jesus que está sendo derrotado, como alguns de nós aprendemos quando crianças. Este é o verdadeiro, o Jesus histórico: totalmente no controle, respondendo com graça e verdade as armadilhas de todos os lados. Ele sabe o que está fazendo. Ele sabe o que está por vir. Cada palavra e cada passo é para glorificar o nome de seu Pai e para salvação daqueles dispostos a pegar a sua cruz e morrer com ele. 

 

*inspirado no livro "Os Últimos Dias de Jesus", de Justin Taylor e Andreas Köstenberger.

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