
PARA A VIDA CONTEMPORÂNEA
Vidas Separadas, Vidas Transformadas
12/11/2011 18:29
“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos”
Romanos 12:2a
INTRODUÇÃO
O que o apóstolo está querendo nos dizer com isso? O que seria não se conformar com o mundo, se transformar? Por que existimos? Por que nos intitulamos pessoas diferentes? Por que você está aqui e não em outro lugar? Por que lemos nossa Bíblia e somos chamados de crentes?
Somos importantes? Por que Deus nos escolheu? Qual é o grande propósito da nossa vida? Precisamos saber o que somos para sabermos onde devemos chegar e o que devemos fazer.
I – DEUS NOS SEPAROU E TRANSFORMOU PARA UMA VIDA DE ADORAÇÃO
- A adoração deve ser o maior objetivo de nossas vidas
O nosso maior objetivo não é fazer missões, pregar a Palavra, realizar boas obras, ação social, mas adorar a Deus. Deus é o centro de todas as coisas. Todas as coisas que mencionei aqui existem para salvar um povo que adora.
- Adoração é centrada em Deus
O apóstolo João nos traz uma visão em Apocalipse de um povo adorando aquele que está assentado no trono: Ele é soberano, santo e tem o controle da história em suas mãos. Rendemos a nossa adoração ao Cristo que foi morto, ressuscitou, venceu a morte, e nos tem dado a vida.
- Adoração vem do coração
Não temos uma forma litúrgica na Bíblia. Mas encontramos o povo de Deus adorando a Deus com sinceridade, verdade e alegria. O culto não é um show, mas também não é um funeral. O culto não é uma apresentação para ser vista pelos homens, mas é um ambiente que deve ser preparado para adoração a Deus.
Em um encontro com a mulher samaritana Jesus nos traz a idéia do que é adoração:
- Adoração não é centrada em lugares (João 4.20) – Por contexto histórico, herança religiosa, trazemos em nossa mente o fato de que existe um lugar mais sagrado para adoração. E perdemos a essência que não é o local e sim o adorador. A atitude do adorador.
- Adoração deve ser com entendimento (João 4.22) – Muitas vezes estamos como os samaritanos, adoramos o que não conhecemos, adoramos muitas vezes sem o entendimento, criamos uma idéia de culto e cremos que isso é verdadeiro. A adoração não é apenas um ritual vazio de compreensão.
- Adoração é centrada na pessoa de Cristo (João 4.25-26) – Hoje temos muitas pessoas na igreja adorando sem conhecer a Jesus de forma verdadeira, onde Jesus não é o centro da adoração. Procuramos realizar um culto que agrada a homens e a música, na maioria das vezes, é pra entreter. O verdadeiro louvor vem do céu e é endereçada ao céu (Salmo 40.3).
- Adoração deve ser bíblica (João 4.24) – O nosso culto tem que ser bíblico se não será maldito. Deus não se impressiona com a pompa, com o glamour, com um grande show pirotécnico ou com uma grande produção. Ele busca verdade em nosso ser. Ele procura o que é verdadeiro em nosso coração.
- Adoração deve ser sincera (João 4.24) – Ela precisa ser em espírito e em verdade, ou seja, de todo o coração. Precisa ter fervor, vida. Nossa adoração não deve ser fria, árida, seca, sem vida.
Existem princípios bíblicos para adoração. E esses princípios devem estar presentes em vidas separadas, vidas que foram transformadas.
- Precisamos entender que nossa vida é adoração – Deus não está à procura de adoração e sim de adoradores, mas adoradores que o adorem em espírito e em verdade. A prática da adoração está enraizada na vida do adorador. A prática da adoração jamais pode ser separada da pessoa do adorador.
Um grande exemplo é Caim, Deus rejeitou a vida de Caim antes de rejeitar a oferta e o culto de Caim. Se a nossa vida não estiver certa com Deus, a nossa adoração será uma ofensa a Deus.
O profeta Isaías já alertava ao povo em Isaías 1.14 – “Suas festas da lua nova e suas festas fixas, eu as odeio. Tornaram-se um fardo para mim; não as suporto mais!”
Temos procurado os melhores métodos para adorar a Deus, enquanto Deus está procurando os verdadeiros adoradores, os melhores adoradores. Deus não unge métodos, Deus unge homens. (E. M. Bounds).
Não foi somente uma vez que ouvimos que não são grandes talentos que Deus usa, mas homens piedosos. Precisamos de vidas santas. Precisamos manter nossas vestes alvas e o óleo fresco sobre nossa cabeça.
- Adoração é sinceridade diante de Deus, não uma manifestação para homens – O profeta Isaías levantou a sua voz em nome de Deus e disse: “Este povo me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim.”
Davi compreendeu que Deus procura a verdade no íntimo. Hofni e Finéias trouxeram a Arca da Aliança para o acampamento, símbolo da presença de Deus e mesmo assim, o povo foi derrotado. O profeta Amós no capítulo 5.21-24 diz – “Deus disse: Eu odeio e desprezo as suas festas religiosas; não suporto as suas assembléias solenes. Mesmo que vocês me tragam holocaustos e ofertas de cereal, isso não me agradará. Mesmo que me tragam as melhores ofertas de comunhão, não darei a menor atenção a elas. Afastem de mim o som das suas canções e a música das suas liras. Em vez disso, corra a retidão como um rio, a justiça como um ribeiro perene!"
- É uma vida de adoração verdadeira que agrada a Deus – adoração sem conexão com a vida diária é entretenimento espiritual. O apóstolo Paulo Já havia alertado que o culto racional não é apenas um tempo de louvor e de ministração que temos na igreja, mas a oferta do nosso corpo a Deus na dinâmica da vida (Romanos 12.1). É muito perigoso quando reformamos o externo e não nos preocupamos com o interno. Adoração é mais do que um templo, um culto, liturgia. Adoração deve ser a essência de nossa vida.
- Nossa adoração é perdida se Deus não for honrado – O profeta Malaquias descreve sacerdotes que não honravam a Deus. Eles desprezavam o culto. Eles não ofereciam o seu melhor. Faziam a obra do Senhor relaxadamente. E Deus com toda seriedade aconselha aqueles sacerdotes a apagarem o fogo do altar e fechar a porta da igreja. Eles estavam perdendo tempo.
A quem estamos honrado em nosso culto, em nossa adoração? A nós mesmos ou a Deus? Tocamos e cantamos porque gostamos ou o fazemos para glorificar aquele que é digno? É como o fariseu que cantava “quão grande és tu” diante do espelho.
II – DEUS NOS SEPAROU E NOS TRANSFORMOU PARA SERMOS REFERENCIAL
Lutero proclamou o sacerdócio de todos os crentes, mas 500 anos depois a estrutura da igreja nega isso. Precisamos realizar uma nova reforma para devolver aos leigos a sua função de ministros da reconciliação. O leigo é o melhor e maior potencial da igreja.
Hoje estamos lançando sobre a vida dos líderes o referencial de vida cristã, e com isso não assumimos a responsabilidade de transparecermos a pessoa de Cristo. De sermos referencial para o mundo. A cada dia estamos mais parecidos com o mundo e menos com Deus.
As pessoas a quem Deus separou e transformou não são apenas uma grande multidão, mas um corpo bem coordenado, onde cada um exerce sua função e cresce em maturidade. Estamos aqui para sermos um referencial para o mundo. A comunhão da igreja nos protege. Sermos e termos referenciais nos ajudam a sermos melhores. Uma pessoa sem referencial é uma presa entregue a Satanás.
Deus deu pastores como mestres, referenciais à igreja (Efésios 4.11), a Bíblia como o conteúdo do ensino (II Timóteo 3.16-17), e um modelo excelente como método de ensino (Colossenses 1.28-29).
Mas hoje há alguns modelos, referenciais de igreja, que ferem a visão de uma igreja que é composta de pessoas separadas e transformadas:
A igreja creche – É a igreja onde os crentes são bebês, crianças espirituais que não demonstram maturidade. Uma criança é instável. Uma igreja assim é centrada em si mesma. Uma igreja que tem uma compreensão limitada. Uma igreja que depende dos outros para cuidar de si mesma.
A igreja APAE – Esta é a igreja onde os crentes com dez anos ainda tomam mamadeira. O crescimento é retardado.
A igreja desnutrida – Uma igreja que come apenas uma vez por semana fica desnutrida.
A igreja flácida – É uma igreja que come e dorme. Uma igreja que come e não faz exercício torna-se flácida espiritualmente. Não tem músculos. Não tem resistência espiritual. Maturidade não é conhecimento. Maturidade é vida, é caráter transformado à imagem de Cristo.
A igreja colônia de férias – Um lugar aonde gostamos de ir quando não temos uma coisa mais importante para fazer.
A igreja platéia – Um lugar aonde vamos para assistir o que acontece. Somos apenas platéia. Assentamo-nos, assistimos e vamos embora sem nenhum envolvimento.
A igreja clube – Um lugar onde pagamos nossa cota, para que tenhamos um ambiente limpo, gostoso e confortável. Lugar onde gostamos de ir com a família ter um tempo agradável e edificante. A igreja não é uma praça de entretenimento espiritual.
A igreja não é um prédio onde nos reunimos – Depois que o véu do templo se rasgou de alto a baixo, sempre que o novo testamento se refere ao templo de Deus está falando do nosso corpo. Agora somos nós e não um prédio que é cheio do Espírito Santo.
O que deve ser então esse corpo que Deus separou e transformou? Pessoas essas lavadas pelo sangue do Cordeiro e que hoje se intitulam igreja do Senhor Jesus Cristo?
- Somos um corpo – temos muitos membros e cada membro exerce o seu papel. Mesmo aqueles que não aparecem. E todos têm uma grande importância para a saúde do corpo. E três coisas são importantes para esse corpo: 1) Unidade: os membros são diversos, mas há um só corpo. Estamos todos ligados à mesma cabeça que é Jesus. 2) Diversidade: somos diferentes uns dos outros, mas pertencemos ao mesmo corpo. 3) Mutualidade: ninguém é superior e ninguém é inferior, todos têm importância, Deus olha igualmente para todos.
- Todos devem exercer o seu papel de forma individual – hoje temos pastores vocacionados e treinados para fazer o trabalho. Mas o pastor tem o papel de treinar e liderar os santos para o desempenho do ministério que Deus tem dado. Somos todos sacerdotes reais. Precisamos de uma nova reforma, onde todos os crentes possam ser treinados para o serviço.
Grande parte do ministério de Jesus foi treinando seus discípulos. A igreja não é uma massa de pessoas, ela é uma comunidade de discípulos, ou seja, de pessoas que devem ser treinadas para servir uns aos outros.
E aqui cabe ressaltar que discipulado não é conhecimento, é vida, é caráter. Estamos nos enganando ao pensarmos que treinar é apenas transmitir conhecimento. Podemos ser alunos de EBD, conhecermos profundamente a teologia, e não sermos treinados e nem estar treinando para o serviço. Maturidade é vida.
Crescimento numérico sem vida não é crescimento saudável. As igrejas que crescem sem ensino, sem doutrina são igrejas que enfraquecerão as igrejas no futuro. Precisamos evitar os dois extremos: numerolatria e numerofobia. Porque uma igreja saudável cresce.
III – DEUS NOS SEPAROU E TRANSFORMOU PARA TESTEMUNHAR
- Muitos crentes não sabem o que é testemunhar – Existe uma pesquisa que revela dados alarmantes. Essa pesquisa diz que apenas 5% dos crentes já levaram uma pessoa a Cristo.
O livro de Atos deixa claro que os crentes são revestidos com o Espírito Santo, e receberam poder para testemunhar. Não apenas os apóstolos, mas todos os crentes. Eles pregavam a Palavra.
A igreja como sal – Influência invisível.
A igreja como luz – Influência visível.
A igreja como perfume – Influência notada.
O trabalho de testemunhar não ficou limitado aos apóstolos. A igreja toda é herdeira dos apóstolos no sentido de dar continuidade à missão apostólica, ou seja, pregar o evangelho até os confins da terra. Estevão e Filipe eram diáconos, mas tornaram-se pregadores ungidos. O povo todo ao ser disperso, ia pregando a Palavra.
Isaías 44.5 fala do compromisso de todo aquele que foi revestido com o poder do Espírito de falar e viver.
Philip Schaff, historiador da igreja afirmou: “Não havia sociedades missionárias, nem instituições missionárias, nenhum esforço organizado nos três primeiros séculos; e em menos de 300 anos a população toda do império romano, que representava o mundo civilizado, foi nominalmente cristianizada. Cada congregação foi uma sociedade missionária, e cada cristão um missionário inflamado pelo amor de Cristo para converter seu amigo. Cada cristão contou a seu próximo, o trabalhador ao seu companheiro de trabalho, o escravo a seu amigo escravo, o servo a seu mestre e mestra, a história da sua conversão, como um marinheiro conta a história do resgate de um naufrágio”.
Tarefa imperativa – É ordem. A história do Sr. João que evangelizou duas tribos da Amazônia.
Tarefa intransferível – O anjo pergunta a Jesus. Alexandre Duff, missionário escocês na Índia.
Tarefa impostergável – O índio pergunta: Por que você não veio antes?
O lar deve ser o centro nevrálgico do testemunho do evangelho. A igreja primitiva não tinha templos. Ela crescia através de suas reuniões nos lares. O lar dos crentes eram congregações, onde o evangelho era vivido e testemunhado com poder. Paulo testificava de casa em casa.
Todas as igrejas que crescem saudavelmente têm voltado sua atenção para o ministério leigo e para o testemunho e nutrição dos crentes em grupos pequenos.
CONCLUSÃO
Deus nos separou e transformou para uma vida de adoração, uma vida de referencial e uma vida de testemunho. E esses três elementos não podem viver separadamente.
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